Por todo o país, dezenas de milhares de estudantes portugueses iniciam o seu percurso no Ensino Superior. De que forma tem a pandemia impactado a sua experiência? E como está a ser a sua adaptação? Pedimos a estudantes de todo o país que nos contassem tudo sobre os seus primeiros passos no mundo académico.

 

#1 Teresa Silvestre 

«Os estudantes acabam por ficar mais unidos» 

Teresa Silvestre


18 anos, estudante do 1.º ano da licenciatura em Economia na Universidade do Porto 


A entrada no Ensino Superior foi uma grande reviravolta na minha vida, mas uma reviravolta necessária. Precisava de ter um motivo para acordar todas as manhãs, precisava de encontrar e conhecer outras pessoas, precisava de aprender coisas novas... A faculdade permitiu-me finalmente encontrar isso, passados tantos meses de confinamento. A Covid-19 pode ter afetado um pouco esta entrada, tornando-a um pouco mais atribulada, mas não deixa de ser uma experiência incrível.

Com todos os cuidados, consegui na mesma assistir a algumas aulas presenciais, conhecer pessoas e ter novas experiências, como morar sozinha pela primeira vez. Sinto que, enquanto estudantes, ao estarmos todos a passar pelo mesmo, acabamos por ficar mais unidos e queremos encontrar maneira de contornar as dificuldades. Mesmo que tenhamos de estar sempre de máscara e a 2 metros de distância.

Acredito que o espírito positivo e a vontade são os aspetos fundamentais para encararmos esta fase difícil de uma forma mais tranquilizadora. Temos de tentar aproveitar cada momento da melhor forma e acreditar que tudo vai ficar bem. 


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#2 Jéssica Coutinho
 

«Está a ser um mundo novo»

Jéssica Coutinho 2


19 anos, estudante do 1.º ano da licenciatura em Enfermagem no Politécnico de Leiria.


Penso que a situação que vivemos não afetou o processo de acesso ao Ensino Superior. Contudo, o facto de iniciarmos as aulas mais tarde levou a uma redução do número de semanas
letivas. Isso provoca uma maior carga horária semanal, avaliações mais próximas... Quanto às aulas em si, metade da turma está presencial e outra metade online. Apesar de já ter tido aulas online, este ano está a ser um mundo novo.

Existem grandes diferenças, tanto na modalidade online como na presencial (estamos todos tão perto mas não podemos ver as caras de professores, funcionários ou colegas). Honestamente, mesmo com o aumento de horas semanais é visível uma “condensação” dos horários. Ou seja, o facto de as aulas não terem espaços livres entre si (devido ao controlo do número de alunos presentes na universidade) resultou numa melhor organização do tempo para o estudo, para as atividades extracurriculares, entre outras coisas.

Em termos de avaliação, é de valorizar que todos estão a fazer os possíveis para seja o mais aproximado do “normal”, isto é, em sala de aula e não em casa online (onde podem surgir problemas com a internet, com o dispositivo utilizado, etc…)

 

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#3 Júlio Campos Faria
 

«Tem sido uma aventura interessante»   


Julio Faria 4

18 anos, estudante do 1.º ano da licenciatura em Ciências do Desporto na Universidade do Porto 


A atual situação em que vivemos não afetou muito o meu curso que, apesar de ser um curso muito prático e de muito contacto, conseguiu adaptar-se. Certas cadeiras foram alteradas: por exemplo, Ginástica (que seria lecionada nos 2 semestres) vai agora ser toda concentrada neste primeiro semestre. Estas mudanças acabam por provocam maior desgaste, aliando também o facto de muitos alunos estarem sem fazer exercício desde março.

Temos tido todos os cuidados de higiene e segurança, nas aulas interiores como Ginástica, nunca tiramos a máscara e desinfetamos as mãos sempre que tocamos em objetos. Para além disso, tanto em Ginástica como em Atletismo, estamos divididos em equipas pequenas de modo a diminuir os ajuntamentos e as fontes de contágio. No que toca às aulas teóricas como Anatomia ou Bioquímica e Biologia Celular, temos online via Zoom.

Em relação ao resto, como estou a estudar fora da minha cidade, estou a viver sozinho e tem sido uma aventura interessante. É sempre um salto muito grande mas no meu caso, tem corrido bem, sinto que já estava preparado para esta mudança. Cozinhar todos os dias tem servido para despertar o chef José Avillez que tenho dentro de mim. Há sempre aquela saudade de casa, da família e dos amigos, mas estamos sempre em contacto e, aos fins de semana, vou a casa. Concluindo, estou a adorar esta vida de universitário, apesar de todas as condicionantes e sinto que escolhi o curso certo. 

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#4 Diana Bondarciuc  

«Não conseguimos desfrutar a 100% a vida universitária»


Diana Bondarciuc

17 anos, estudante do 1.º ano da Licenciatura em Fisioterapia no Politécnico de Lisboa.

A minha primeira experiência no Ensino Superior foi num curso e instituição de ensino superior diferente, uma vez que, na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso, entrei em Gestão. Tive aulas durante 2 semanas (1 semana online e 1 semana presencial) e foi uma boa experiência, mas senti que necessitava de mudar para o curso que realmente queria: Fisioterapia. Penso que o mais importante é nunca desistir daquilo que realmente queremos.

Entrar no ensino superior durante uma pandemia não é, de todo, aquilo que esperava, mas as duas faculdades estavam preparadas para esta situação. Do ponto de vista da minha experiência enquanto aluna, quando chego à sala, desinfeto a mesa, e faço o mesmo quando saio. É possível manter o distanciamento durante e fora das aulas. Aquilo que mais tem afetado a minha experiência são sem dúvida as aulas online. Para mim, não são tão produtivas e sinto que existem vantagens para quem está na modalidade presencial.

Outros aspetos negativos deste ano é termos maiores dificuldades em conhecer novas pessoas – há que contar com a dificuldade em falar e respirar (por causa da máscara). Penso que não conseguimos desfrutar a 100% a vida universitária, que acaba por ser uma transição muito importante. A meu ver, temos de saber adaptar-nos e isso ainda vai demorar algum tempo. 

 
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#5 Inês Sousa 

«Sejamos ‘caloiros Covid’ com orgulho»


Inês Sousa                          

18 anos, e studante do 1.º ano do mestrado integrado em Medicina na Universidade do Porto 


Nesta estranha e atípica situação que vivemos, nós, estudantes do 1.º ano do ensino superior, vemo-nos apelidados de “caloiros covid”. Somos a fornada de alunos que inicia o seu percurso académico maioritariamente em casa. E, se há uns tempos se acreditava que seriam apenas uns meses até que tudo regressasse ao normal, agora apercebemo-nos que esta realidade perdurará.

Qualquer aluno que pretende ingressar no ensino superior idealiza a sua chegada. Contrariamente ao que alguma vez imaginei, encontrei um ambiente estranho: estávamos todos de máscara, cumprindo as normas de distanciamento necessárias.  Apesar de todo este protocolo, cumprido para evitar possíveis contágios, e com 2 cadeiras de distância entre cada um, lá fomos acenando uns para os outros, ou soltando uma piada ou um “Olá!” envergonhado. 

Do ponto de vista social, este tipo de ensino não fomenta as relações interpessoais entre os estudantes. E é assim que surge uma das maiores dificuldades que senti neste início, a convivência. Seja por receio de contágio ou por precaução, todos nós reduzimos o contacto com os colegas. Por outro lado, a aprendizagem torna-se cada vez mais difícil, já que estamos à distância de um ecrã, em casa, onde o índice de concentração é visivelmente inferior. No entanto, é de realçar que esta forma de ensino apresenta um ponto positivo para os estudantes que residam longe da faculdade. Uma vez que as aulas presenciais são reduzidas, estes alunos “poupam” o tempo das viagens de transportes

Apesar de todas estas diferenças em relação aos anos anteriores, não poderia estar mais feliz por ter iniciado o meu percurso. Assim, termino com uma frase que certamente todos nós já ouvimos: “Não há nada que não se faça”. Por isso, sejamos “Caloiros Covid” com orgulho.



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#6
Pedro Miguel  

«Uma vida académica entre presenças e ausências»


Pedro1

19 anos, estudante do 1.º ano da Licenciatura em Gestão e Recursos Humanos na Universidade Lusíada. 

Nunca imaginei nada disto. Nunca pensei que iria ter um início de faculdade ao mesmo tempo que todas as nossas vidas estavam em total mudança. À primeira impressão, logo no dia de matrículas, senti que, para nos resguardarmos ao máximo em termos de saúde publica, não iríamos ter uma vivência presencial do que é a vida na faculdade. Isso mantém-se até agora, quase um mês depois do início das aulas.

Apesar de irmos a aulas presenciais e de termos alguns momentos de conversação e discussão entre colegas, o facto de existir praxe ou jantares de curso tem impacto. Por outro lado, ao existirem tantos desfasamentos de horários, acabamos por nem ver muitos dos colegas do nosso ano, assim como colegas de anos mais velhos que seriam as pessoas que nos ajudariam a viver a faculdade da melhor maneira.

Acho que é importante realçar a importância que os meios online têm na nossa vida académica: temos sempre a opção de aulas online, ao qual se juntam as nossas colocações de dúvidas aos alunos mais velhos. A vida académica equilibra-se entre as presenças e as ausências e é assim que eu conheço o Ensino Superior pela primeira vez.  



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#7 Rafaela Oliveira 

«Este ano é um desafio para nós, caloiros»                    


Rafaela

18 anos, estudante do 1.º ano da Licenciatura em Ciências da Comunicação + Marketing e Publicidade no IADE - Creative University.

Enquanto caloira, devo dizer que este ano não é, de todo, o que esperava. Durante o secundário, todos nós sonhávamos com o primeiro ano na faculdade: com as novas experiências, amizades, praxes e muito mais... Mas, com a chegada da Covid-19 e as repercussões da pandemia, vimo-nos num regime completamente diferente, marcado pelas aulas à distância. Por essa razão, aulas online e alguma estranheza causada pela distância são as principais características deste primeiro ano de faculdade marcado pela Covid-19. Neste contexto, torna-se impossível conhecer os nossos colegas, estabelecer amizades e conhecer gente nova.

O contacto social é reduzido a simples mensagens de texto, a uma distância que resulta em alguma falta de naturalidade na comunicação. Como consequência, com o panorama atual, tudo mudou: as aulas, a convivência entre colegas e até a relação com professores. A verdade é que sinto que este ano é um desafio para nós, caloiros, para sairmos da nossa zona de conforto e arriscarmos, dentro do possível.

A pandemia trouxe consequências enormes, quer na forma como nos relacionamos uns com os outros, quer no próprio ensino, agora efetuado num regime à distância, sendo, por isso, mais impessoal. Passamos muito tempo em frente ao computador, a ouvir e acatar a matéria, com consequências na componente interativa e comunicativa das aulas presenciais. É, sem dúvida, um ano diferente, em todos os aspetos possíveis. 



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#8 Ana Isabel Veiga 

«A Covid-19 está a pôr-nos à prova»


Ana Isabel Veiga

17 anos, estudante do 1.º ano da licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra. 

Este é o meu primeiro ano na Universidade, um ano cheio de expectativas, de sonhos, de amizades, de medos e inseguranças mas, principalmente, um ano de mudança. Na minha faculdade, por sermos muitos alunos de primeiro ano, a assistência presencial às aulas é feita por um sistema de rotatividade, por ordem alfabética. Tive a sorte de ir assistir presencialmente à primeira semana de aulas. Num universo de mascarados (20/30 alunos mais ou menos), tive a oportunidade de conhecer várias pessoas e não pude deixar de sentir que estávamos numa fábrica – éramos modelos diferentes do mesmo brinquedo.  
 
Todos fizemos por tornar aquele momento constrangedor inicial numa aproximação, numa apresentação de quem realmente estava por trás da máscara. Se há coisa que a Covid-19 está a fazer, é pôr-nos à prova. Não tive ainda praxe (aguardo pelo segundo semestre), não tive latada, não fui a uma quinta-feira académica e, por enquanto, não tenho madrinha (afinal, apesar de todos os esforços é impossível conhecer pessoas via Zoom). Mas não quero estar a ser negativa: estou certa de que, em breve, vou viver todos estes momentos.

No curso, por enquanto tudo parece correr bem: há cadeiras fáceis e outras mais difíceis, há professores que cativam mais que outros, etc., mas nada disto será novidade. Estou numa fase de experimentação, de adaptação às cadeiras e ao ritmo das aulas e a cada minuto surgem mil e uma dúvidas na minha cabeça: Será este o curso certo? O que é isto? O que será que o professor quis dizer? Vale a pena ir arriscar assistir às aulas presenciais ou será preferível ficar em casa a tentar (e reforço tentar) ouvir a aula online?  
 
Estas são perguntas cujas respostas não são certas, mas que só o tempo me ajudará a compreender. Resta-me esperar que tudo corra bem, dentro do possível, e que, muito em breve, possamos desfrutar dos pequenos prazeres da vida que tanta falta nos fazem.